“Gostas de carne? Carne maturada? Tens de ir ao Butchers.“ Sim, nós gostamos de carne. Gostamos muito de carne maturada. Mas somos exigentes com quem tem o privilégio de confecionar esta obra prima, e esta review ao Butchers não vai terminar como começou.
A nossa história com o Butchers começou com uma mensagem no Facebook: “Boa tarde. Gostaria de marcar uma mesa para esta noite, para duas pessoas, por volta das 20h. É possível?“, questionámos nós. “Boa tarde, reservas só por telefone. Para hoje só por ordem de entrada.“, responderam. Não gostámos muito da resposta e decidimos voltar a tentar passado umas semanas, desta vez por telefone: “Bom dia. Gostava de marcar uma mesa para esta noite por volta das 20h. É possível?“. “Bom dia. Não. Já temos a zona de reservas cheia para esta noite. Mas arranjo-lhe uma mesa por ordem de chegada.“. Melhorou, mas não deixa de ser um conceito que não nos agrada. Ou reservam mesas, ou não reservam. Como é que nos garantem que arranjam mesa se é por ordem de chegada?
Já que era por ordem de chegada, poupámos no lanche, e chegámos cedo, ainda mal tinham aberto para jantar. Casa vazia. Apenas uma ou duas mesas com pessoas. No hall de entrada está uma apetitosa montra de carne, que nos deixa entusiasmados. Os empregados estavam aglomerados ao balcão em amena cavaqueira. Esperámos que alguém nos abordasse. “Ainda não nos viram“, pensámos. Depois houve um que olhou para nós, e seguiu a sua vida. Sentimos o olhar do segundo, que deve ter pensado que não queríamos nada. Depois trocámos uns olhares com o terceiro, e nada. Passavam alguns minutos desde a nossa chegada quando tivemos a nossa primeira interação com alguém do restaurante: “Têm mesa marcada? Não? Uiii. Estamos com muitas reservas. O meu colega já vem falar convosco.” Torcemos imediatamente o nariz. Se nos dizem ao telefone que a zona de reservas está cheia, mas que nos asseguram uma mesa por ordem de chegada (e estando o restaurante vazio), qual é a dúvida? Finalmente chegou o 5º empregado. Parecia o chefe de sala e encaminhou-nos para uma mesa. Finalmente.
Pedimos uma garrafa de vinho alentejano, pão e paté de sapateira para começar, um cowboy steak para dois, e uma mousse de chocolate para terminar.
A carta de vinhos é banal para vinhos “dentro de preço”. A prova do vinho foi feita corretamente e o dito cujo estava à temperatura ideal. Depois de dizermos que estava bom para servir, a emprega “despejou” 1/4 de garrafa para cada copo. Um absurdo.
Começámos a parte comestível com um bolo do caco quente e o paté de sapateira. Ouvimos falar bem deste paté e foi por isso que o pedimos. Gostos não se discutem mas, talvez por sermos feitos de mar, este paté não nos convenceu.
Chegou a carne. Belo naco com osso. Maturação de 35 dias. Cerca de 800-900gr. Recomendado para duas pessoas. Servido numa tábua, com flor de sal ao lado e acompanhado de deliciosas batatas doce em palito e de uma salada mista sem grande piada. Custa 50€. ATENÇÃO. Num restaurante em que o cabeça de cartaz é carne maturada, a primeira vez que a carne toca na boca, é o momento do clímax. Aquele momento em que o cliente diz: “espetáculo“, “desfaz-se na boca“, “tão bom“, “txxxxxxi“, “oh meu deus“, “que delicia“, “comia isto sozinho“, “marcamos outra vez para amanhã?“. Não aconteceu nada disso. O que dissemos foi: “está frio” e “não tem sal“. Podemos estar a ser muito injustos, mas ninguém nos convence que aquela carne foi cozinhada na hora. Chamámos o empregado e explicámos o que se passava. Levou a tábua para a cozinha e disse que ia resolver.
Neste momento de pausa, somos assolados por questões: “o que é que vão fazer?“, “o que é que esta excelente peça de carne merece?“, “vão aquecer?“, “vão trazer um novo?“. Deixamos ao vosso critério aquilo que se deve fazer por naco de carne que custa 50€…
O senhor voltou. Com a mesma carne, mas quente. “OK, vamos a ela“. As pontas, menos altas, tinham excedido o ponto ideal para se comer, o sabor também não era o ideal por tinha sido aquecida, mas estava bem melhor do que na primeira iteração. Entre o que foi e o que devia ser, fica uma tremenda desilusão.
Para terminar, a mousse de chocolate com flor de sal e pimenta rosa. A mousse é ótima. Muito boa mesma. O contraste da flor de sal é conhecido e muito bom. A introdução da pimenta rosa pode ser interessante se não juntarem todos os grãozinhos numa ponta da mousse. Em suma, uma boa sobremesa, a um bom preço.
Senhores do Butchers, podemos ter tido um azar inacreditável (as reviews no Zomato assim o dizem), mas temos muita dificuldade em realçar aspetos positivos desta experiência. O serviço foi mau. Pouca simpatia e alguma arrogância. Carne fria e aquecida sem um pedido de desculpas. Queremos acreditar que não passou mesmo de um mau dia, mas muito dificilmente iremos tirar a dúvida a limpo.
Gostas de carne? Carne maturada? Há muito melhor em Lisboa. Falamos disso noutro dia.
Brinde a nós, brinde aos avós, brinde a quem aqui vier.
Sol&Mar
ALTOS & baixos
+ A mousse
+ A batata doce frita em palito grosseiro
– O serviço
– A carne
Cozinha: Grelhados. Carne maturada.
Site: https://www.facebook.com/restaurantebutchers/
Morada: Rua do Pólo Sul, 15C, Parque das Nações, 1990-092, Lisboa
Telefone: 308804718
Email: restaurantebutchers@gmail.com
Horário: Segunda a Domingo (das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00)
Reservas: mais ou menos, depende do humor
Wifi: Sim